“Pocar Festival” movimenta Conceição da Barra a partir desta quinta (3)

Até domingo (6), o evento gratuito contará com shows, apresentações teatrais e circenses, projeções de cinema, gastronomia e lançamentos literários espalhados por vários pontos da cidade

Prestes a completar uma década de história, o POCAR Festival de Cultura toma conta de Conceição da Barra pela segunda vez no ano. O evento já foi realizado uma vez em 2022, no mês de maio. A dose dupla, porém, não só compensa o período inativo, durante a pandemia, em que foi realizada versão digital, como serve como um aquecimento para a décima e histórica edição, ano que vem.

O Pocar é realizado pelo Instituto Cultural Tambor de Raiz, com patrocínio do Instituto Cultural Vale, através de recursos da Lei de Incentivo à Cultura. Apoiam o festival a Prefeitura Municipal de Conceição de Barra, Netbarra Fibra Óptica e a ABLA – Academia de Letras e Artes de Conceição da Barra.

Histórico

Idealizado em 2013, o Pocar surgiu para celebrar a nomeação do conjunto arquitetônico ao redor da Praça Central de Conceição da Barra a Patrimônio Histórico e Artístico do Espírito Santo. Após 9 edições, acabou se tornando um marco turístico e cultural da cidade e de todo o Estado, promovendo a produção local, não apenas artísticas.

Produtores locais, ligados à gastronomia, moda, artesanato e diversas manifestações culturais, ganham destaque durante o evento junto aos visitantes, à cadeia produtiva e ao mercado da região.

Isso se dá graças à vocação do Pocar de abranger ao mesmo tempo o histórico, o popular e a vanguarda. Além de expressões artísticas das comunidades da região, o Pocar alcançou o status de reunir destaques de um circuito especial, situado no meio do caminho entre a indústria de massa, que ganha os holofotes no sudeste do país e o autêntico Brasil profundo, a que a região a pela localização geográfica.

Recentemente apoiado pelo poder público do Estado do Espírito Santo, o evento trilhou o caminho de sucesso de forma independente. As primeiras edições do Pocar tiveram estrutura e logística executadas por artistas, profissionais e iniciativas ligadas ao setor cultural da região. Quase dez anos depois, o crescimento do festival simboliza um reconhecimento que transcende o sucesso de público, mobilizando toda a classe artística e produtiva envolvida na organização do Pocar.

O idealizador e organizador do Pocar Festival, o ator e produtor cultural Didito Camilo reforça “O objetivo do festival sempre foi propor essa troca entre espaço e público, fomentando a produção, a troca e estimulando novas iniciativas culturais que valorizem a criação”, pondera Didito.

Pandemia no meio do caminho

Essa bonita trajetória teve o rumo forçadamente alterado nos últimos dois anos, com a pandemia de Covid-19 que tomou o mundo. Após a edição de 2019, o Pocar se viu obrigado a interromper as mostras presenciais, encontrando no mundo virtual a saída temporária: em 2020 e 2021, aconteceu virtualmente, estendendo para a internet o alcance já consagrado. A mudança representou um interessante alcance para novos públicos conectados à rede. De volta à versão física, o Pocar pretende transformar em turismo para Conceição da Barra os desdobramentos adquiridos no universo digital.

Como solução para o período “fora da praça”, surgiu a ideia de fazer duas edições na mesma temporada. O primeiro Pocar de 2022 aconteceu entre maio e julho. Além de dezenas de atrações, a realização trouxe de volta a ocupação e diálogo com o espaço público do norte capixaba e a reverência à história urbanística e arquitetônica da cidade.

Retomado o objetivo central da festa, de enaltecer o espaço e o patrimônio de Conceição da Barra, o Pocar chega à segunda edição de 2022, lapidando seu conceito primário, o mesmo de 2013: construir pontes entre o local e o universal, o popular e o erudito, o tradicional e o experimental.

Programação

Mantendo o fio condutor que se segue por toda a história do festival, o Pocar começa dia 3 de novembro com os tradicionais Jongos de São Cosme e Damião e Jongo de N. S. Aparecida, além do Barroco Jazz Band, banda de rua que traz instrumentos clássicos do estilo, como o banjo e o washboard.

Fechando o primeiro dia, o Maestro Léo de Paula convida a soprano Ellen Oléria, no show “Orquestra Percussiva”. Cantora, compositora, atriz e contadora de causos, Ellen Oléria estrela seu primeiro musical como atriz e foi indicada ao Prêmio da Música Brasileira.

Na sexta, dia 4 de novembro, o Pocar recebe muito teatro e circo, com os grupos Lacarta, Teatro El Individuo, Instituto Cultural Tambor de Raiz. A literatura aporta no festival com o autor Maciel de Aguiar autografando os livros “Nós, os Capixabas” e o “Sabiá e Eu”.

O pôr do sol da Beira do Cais é o cenário perfeito para o show OGÓ, de Dandá Costa. Composto pelas canções do álbum homônimo, o espetáculo propõe flexibilizar a quarta parede teatral, em uma proposta interativa entre artista e público.

O cinema marca presença com “É da Mão de Quem? eiras”, filme de Beatriz Lindenberg e Jamilda Bento. E a Beira do Cais recebe a Banda Macucos, de Vila Velha, que já participou de outras edições do festival.

O espetáculo “Literatura para Dançar” une teatro, performance, texto e dança, pelas mãos do Grupo Resid(ê)ncia.

Fechando a noite, a parceria de Jeferson Leite e Rafael Gonzá, que trazem para a mescla de viola e rabeca, o forró irresistível do “Fogumano”.

No sábado, mais teatro e cinema ocupam a Praça da Matriz. Destaque para a Cia Palhaços Pirados e a animação “O Bicho do Buraco”, dirigido por alunos da Escola Benônio Falcão de Gouveia, localizada na cidade.

Mais tarde, na beira do Cais, a Orquestra Malê Big Band, de Vitória, que mistura jazz tradicional e música popular, convida o mineiro Sérgio Pererê e sua canção cheia de elementos do sagrado de matriz africana.

O reggae do norte-americano Biafran Lion colore o show de Saulo Camilo, no mesmo local. O encerramento fica por conta do concerto “Eita Pife”.

O último dia do Pocar começa com a peça “A estória do homem que vendeu sua alma ao diabo e quase perdeu o seu amor”, do Grupo Gota, Pó e Poeira, próximo ao Restaurante Kaique. Já o Restaurante do Pintinho recebe o encontro entre o chorinho e samba da roda “Deitando o cabelo” e o Congo Capixaba, com o Baile de Congo de São Benedito Ticumbi, comandado pelo Mestre Berto Florentino. O Ticumbi remete a antigos duelos africanos, com representações do Rei de Bamba e o Rei de Congo em um espetáculo que mistura viola, pandeiros, poesia, teatro e dança.

A beira do Cais sedia os shows de encerramento do segundo Pocar 2022. Às 20h, show com o Quarteto Zuri, formado por quatro mulheres negras, emprestando viola, violinos e violoncelo a um repertório de muito bom gosto, que vai de Bob Marley e Elza Soares à pianista mexicana Guadalupe Olmedo e outros nomes fortes da música de concerto. O tradicional show “Ajuntamento Pocar” fecha o festival, abrindo desde já os preparativos para os dez anos de Pocar, em um edição que promete ser histórica.

Programação completa

3  de novembro, quinta-feira

 Praça da Matriz à Beira do Cais

20:00 – Cortejo da Chegança

*Jongo de São Cosme e Damião

*Jongo de N. S. Aparecida

*Barroca Jazz Band

*Artistas convidados

Beira do Cais

20:30 – Cerimônia de Abertura e Pintura ao vivo com Thiago Balbino

21:00 – Concerto “Orquestra Percussiva” Maestro Léo de Paula convida Ellen Oléria (Solista)

4  de novembro, sexta-feira Feira da Praça São Pedro

09:30 – Espetáculo Teatral “Dose Dupla” Lacarta Circo Teatro 10:00 – Literatura a Quilo- Editora Cousa e Saulo Ribeiro

10:30 – Ajuntamento de Sanfona, Viola e Pandeiro “Mestre Mirtinho”

EMEIEF Ângelo Luiz Sagrilo Smiderle

15:00 – Espetáculo Circense “Grandes Roubadas” Circo Teatro El Individuo

Beira do Cais

16:30 – (Pôr-do-Sol) – Show “OGÓ”

ABLA – Academia de Letras e Artes de Conceição da Barra

18:00 – Sarau da ABLA, Recital Maestro Joilson Alves e Sessão de autógrafos dos livros “Nós, os Capixabas” e o “Sabiá e Eu”, de Maciel de Aguiar

19:00 – Espetáculo Teatral “Caburé” – Instituto Cultural Tambor de Raiz 19:50 – Cortejo “Barroco Jazz Band”

ADRO DA IGREJA MATRIZ

Mostra Pocar de Cinema

20:00 – “É da Mão de Quem? eiras” Série Griôs de Goiabeiras – Direção: Beatriz Lindenberg e Jamilda Bento. Realização: Instituto Marlin Azul e Banda de Congo a de Barro.

Beira do Cais

20:30 – Show “Banda Macucos”

22:00 – Performance Teatral “Literatura para Dançar” – Henrique Rocha e Juliano Mendes – Grupo Resid(ê)ncia

22:30 – Show “De Viola e Rabeca” – Jeferson Leite e Rafael Gonzá, com a participação especial da banda “Fogumano”

5  de novembro, sábado Próximo ao restaurante Kaique

11:00 – Espetáculo Teatral “arinheiros” Repertório Artes Cênicas e Cia

Praça da Matriz

18:30 – Espetáculo “Destrambelhado (um palhaço atrapalhado)” Cia Palhaços Pirados 19:00 – Espetáculo Teatral “arinheiros” Repertório Artes Cênicas e Cia

Mostra Pocar de Cinema

19:30 – “O Bicho do Buraco” – Projeto Animação (2015 – Itaúnas     ES). Roteiro, Direção e Animações: Alunos da Escola Benônio Falcão de Gouveia

19:35 –    “São Benedito Vai Abrindo Meu Caminho – Congo” – Série Griôs de Goiabeiras. Direção: Beatriz Lindenberg e Jamilda Bento.

Realização: Instituto Marlin Azul e Banda de Congo a de Barro

Beira do Cais

20:00 – Espetáculo Circense “A Mala” Circo Gama

21:00 – Show “Orquestra Malê Big Band convida Sérgio Pererê” (solista) 22:30 – Show “Saulo Camilo convida Bianfran Lion”

23:59 – Show “Eita Pife”

6  de novembro, domingo

 Próximo ao Restaurante Kaique

11:00 – Espetáculo Teatral “A estória do homem que vendeu sua alma ao diabo e quase perdeu o seu amor”. Grupo Gota, Pó e Poeira.

Restaurante do Pintinho

12:00 –     Roda de Choro e Samba “Deitando o Cabelo” com a participação de Fabíola Guimarães e Silvia Gomes. Baile de Congo de São Benedito Ticumbi (Mestre Berto Florentino).

Beira do cais

Festa de Encerramento

20:00 Concerto “Quarteto Zuri”

22h – Show “Ajuntamento POCAR”.

SERVIÇO

Pocar – Festival de Cultura: Patrimônio, Arte e Gastronomia – 9ªEdição Dias: 3 a 6 de Novembro

Local: Conceição da Barra – Espírito Santo